Nossos sentidos juntos fazem chama: e as fantasias nossas vão soltar os desejos desertos de quem ama e em verso ou coração se quis tornar. Nossos sentidos são matéria prima de um canto que é mais leve que o ar; o mundo todo não nos adivinha: somos sombra sem luz, sequer luar. Que o corpo quebre a noite desolada, que o corvo ceda a voz à escuridão: mil luzes são o nome da amanda; quem se perdeu no verso é sem perdão. in "Os Amantes Obscuros"
"Durante muito tempo, cada um de nós rasteja nesta terra como uma lagarta, na expectativa da borboleta esplêndida e diáfana que traz em si. E depois o tempo passa, a ninfose não chega, ficamos larva, constatação aflitiva, que havemos de fazer com ela?" (Max Aue em As Benevolentes de J. Littell.)
Deito-me tarde Espero por uma espécie de silêncio Que nunca chega cedo
Espero a atençãp a concentração da hora tardia Ardente e nua
É então que os espelhos acendem o seu segundo brilho É então que se vê o desenho do vazio É então que se vê subitamente a nossa própria mão pousada sobre a mesa É então que se vê o passar do silêncio