quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Flores Brancas


em lençóis e páginas 
o silêncio meu legado
sem foto sem carta
só a distância alongando o cobertor da noite
feita branca feita fria
o sorriso?
se perdeu na espera

Bete-Sita

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Destroçando



Abrindo caminho
Em mar vermelho
Partindo vasos e o mundo ao meio.

Bete-Sita

O sonho


Belo voo em cenário planejado
Todas as cores e flores
Coroam o ano, é tua a primavera.

Bete- Sita

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Outro ar


Chega roubando o presente 
Em suspiro de instante, 
Que se refastela, se espalha, 
se perde, fracionado pelo infinito... 
E logo é falta novamente. 
Que é fim, se não reinventa horizonte. 
Que é fim, se não recolhe, 
acolhe,  cata, 
no dia a dia, na memória, 
a surpresa, o carinho,
 a sedução que na vida faz desejar 
o próximo momento,
 o próximo dia, 
o desejo. 
Mais, 
a certeza dos que sabem 
trilhar a serenidade, 
que não é tola, mas sede,
 precipitação, 
que observa e avança.

Bete-Sita

sábado, 8 de setembro de 2012

Explicação


A palavra que não escapa
É um haikai
De suspiros e ais.

Bete-Sita

Farfalhar




tocando o vento 
despudoradamente 
senti o verso de tua carne
e em meu ouvido tua voz arde.

nas cascas de árvores
iluminadas pelo poente
sigo lendo palavras que em ti 
ainda não fazem alarde.

e folhas altas, todas verdes
presas e agarradas,
emitem sons orquestrados
contra o céu azul, muito azul.

mas não há norte ou sul
quando se espalha por humana terra,
sem tempo para as verdes asneiras
ou tempestades de poeira.

e é assim, na forma ausente,
que tal amor em tudo diferente,
sem verbete e sem caneta, surpreende,
descola das folhas secas, em voo de borboleta.

Bete-Sita



domingo, 8 de julho de 2012

Amor na baila


Esfinge de pedra, estátua de praça
em curva nada pública,
nos olhos tantos segredos,
os brilhantes e os negros.

Mulheres amadas, mulheres mal amadas
cantadas como pobres coitadas,
mulheres são sol, onde se pode pousar,
e aguardam o estio para então libertar.

Ambos percebem que o amor é dança
e ficam tontos de tanto dançar.
Mas amor é dança que muda de par, 
só os sãos podem o parceiro solto no salão apreciar.

O que se pretende ocultar?
Belo intervalo, que por pura ousadia
de salto  perdido, pretende-se perpetuar.
O amor no tempo ensurdece e até enfastia.

Mulheres que não são da companhia,
há homens que temem essa possível sincronia.
Amor é balada triste que cochila,
 acalentada nos acordes e  trinados da própria alegria.



Bete-Sita





Da linha do equador


De tuas nevascas estou afastada,
por ti  me achava finalmente esquecida  e quase feliz.
O que posso te oferecer?
Uma bela tigela, para tuas velhas mãos e uma sopa bem quente...
Minha delicadeza me impede os chutes, o bater da porta; pois compreendo.
Mas o norte...O norte? 
O mudei de lugar.

Bete-Sita

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Não imune



Do tempo trama e urdume 
O mesmo sabor e o melhor perfume.

Bete-Sita

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Perfume de paixão


Coração palpita, sem ar, boca saliva, 
Mas é o olhar, sem reservas, que faz voar
Honestamente se entrega, alma em abismo se precipita.

Bete-Sita

Sem tempo


Sem atraso, sem suspense, devaneio ou intervalo
Ritmo enfadado, lenta súplica do desejo de parar ignorado
Só pode passar pesado, deixando das garras, o rastro.

Bete-Sita

Sem querer


Toalha, ainda quente, em cima da cama
Impensada falta de delicadeza
Sinceras desculpas não se recebem com frieza.

Bete-Sita

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Fuga


O avião mergulha na escuridão
Derramando compassos pela pista
Recolho as partituras, trechos de solista.

Bete-Sita

sábado, 28 de abril de 2012

Hanami de papel


A flor sob o livro deixada
Sumiu, mas deixou sua palavra na capa marcada.
Lembrança, gota d'água evaporada.

Bete-Sita.

sábado, 21 de abril de 2012

Que bom...


Nunca casamos
Puta tesão e não brigamos
Raros que somos, assim nos amamos.

Bete.Sita

segunda-feira, 26 de março de 2012

Inevitável

Frágil voo de papel
Voo solitário 
E sem anel

Bete-Sita

sexta-feira, 16 de março de 2012

Últimas palavras


O amanhã, que já se precipita em sombras,
Poderei estar morta depois das 11 horas.
Mas antes um pedido: Um poema, por favor.

Bete-Sita

quarta-feira, 14 de março de 2012

Terra


e gosto de cana,
pirilampo na festa de lama
a felicidade não explica, proclama.

Bete-Sita


terça-feira, 13 de março de 2012

Dito e falo


A forma perdida. O gesto que gerava a mesla.
Nostálgica falta do pau do poeta.
Nas telas sem linho, só pontos e teclas. 
Sai de cena,
a pena.

Bete-Sita


Belas


Sou grata ás mulheres, 
Que vestidas de luz,
Enlevando a alma e o coração dos poetas.

Bete-Sita


segunda-feira, 5 de março de 2012

T(erre)na



Fundo de uma enorme tigela
Cordilheira de papel
Um suspiro e estarei salva.

Bete-Sita

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Prescrição Midiática


Pedras e ábacos, nostalgia de contas e contos
Memória estendida em clicks coloridos de superfície
Decifre-me ou em luz, sombras e sons, devoro-te.

Bete-Sita

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Suave


Derramar por dentro
Deixar-se deslizar em desconcerto
Folia untuosa em Si Maior

Bete-Sita


Inside



Constante dança 
 possibilidades, divino, ininteligível.
Namastê, Amém e Silêncio.

Bete Sita

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Em descontínuo


Eterna vigília 
Fragmentado quem 
Em nova hora
Bete-Sita

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Wislawa Szymborska


Entre páginas uma rosa guardada.
Tudo é apenas encontro!
Humana teimosia de derramar lágrimas.

Bete-Sita

Em três linhas


O casaco vermelho morre de frio
Fora do tempo, pendurado
Coração, armário vazio.


Bete- Sita