terça-feira, 25 de setembro de 2012

Outro ar


Chega roubando o presente 
Em suspiro de instante, 
Que se refastela, se espalha, 
se perde, fracionado pelo infinito... 
E logo é falta novamente. 
Que é fim, se não reinventa horizonte. 
Que é fim, se não recolhe, 
acolhe,  cata, 
no dia a dia, na memória, 
a surpresa, o carinho,
 a sedução que na vida faz desejar 
o próximo momento,
 o próximo dia, 
o desejo. 
Mais, 
a certeza dos que sabem 
trilhar a serenidade, 
que não é tola, mas sede,
 precipitação, 
que observa e avança.

Bete-Sita

sábado, 8 de setembro de 2012

Explicação


A palavra que não escapa
É um haikai
De suspiros e ais.

Bete-Sita

Farfalhar




tocando o vento 
despudoradamente 
senti o verso de tua carne
e em meu ouvido tua voz arde.

nas cascas de árvores
iluminadas pelo poente
sigo lendo palavras que em ti 
ainda não fazem alarde.

e folhas altas, todas verdes
presas e agarradas,
emitem sons orquestrados
contra o céu azul, muito azul.

mas não há norte ou sul
quando se espalha por humana terra,
sem tempo para as verdes asneiras
ou tempestades de poeira.

e é assim, na forma ausente,
que tal amor em tudo diferente,
sem verbete e sem caneta, surpreende,
descola das folhas secas, em voo de borboleta.

Bete-Sita