sexta-feira, 10 de abril de 2009

Sophia de Mello Breyner Andresen


Deito-me tarde
Espero por uma espécie de silêncio
Que nunca chega cedo

Espero a atençãp
a concentração da hora tardia
Ardente e nua

É então que os espelhos acendem o seu segundo brilho
É então que se vê o desenho do vazio
É então que se vê subitamente
a nossa própria mão pousada sobre a mesa
É então que se vê o passar do silêncio

Navegação antiquíssima e solene

(Sophia de Mello Breyner Andresen)

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