Deito-me tarde
Espero por uma espécie de silêncio
Que nunca chega cedo
Espero a atençãp
a concentração da hora tardia
Ardente e nua
É então que os espelhos acendem o seu segundo brilho
É então que se vê o desenho do vazio
É então que se vê subitamente
a nossa própria mão pousada sobre a mesa
É então que se vê o passar do silêncio
Navegação antiquíssima e solene
(Sophia de Mello Breyner Andresen)
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